quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
RESUMO LINHA DO TEMPO DO ENSINO DE MÚSICA NO BRASIL
Extraído do artigo abaixo citado:
Após
a expulsão dos jesuítas, em 1759, houve um período de desestruturação,
ocasionado pelo fechamento dos colégios inacianos e pela demora, por parte da
Coroa, em assumir seus compromissos em relação ao ensino.
As
características e
formas europeias
se fazem
presentes em
toda a produção musical do período colonial.
A
música brasileira sofreu ainda a influência dos negros. Os negros
cantavam e dançavam embebidos pelos sons e ritmos de sua pátria distante.
Das melodias
curtas
e ritmo bem marcado
com vários
instrumentos de percussão, surge o “samba”, originariamente africana.
Apesar
de seu caráter eminentemente religioso, ainda no período colonial, a música
brasileira
começa a apresentar sinais de secularização. Isto se deve à
descoberta do ouro e das pedras preciosas
nas Capitanias das Minas Gerais, no
século XVII, o que imprime um novo caráter à nossa cultura.
Esses
fatos coincidem com a chegada da família real ao Brasil, a 22 de janeiro de
1808, trazendo com ela aproximadamente quinze mil pessoas, dentre elas músicos.
Surgem a Capela Real, orquestra de música erudita, que contava com 100 músicos
instrumentistas e 50 cantores, e uma orquestra que tocava e cantava músicas
populares, constituída por músicos negros. Datam ainda desta época o
aparecimento de grandes teatros e as óperas. O país se “modernizava” e a vida
cultural e musical no Rio de Janeiro prosseguia agitada (LOUREIRO).
Em
contrapartida, cresce o número de professores particulares, o que preenchia a
ausência de escolas especializadas para o ensino de música. Além disso, foi
grande a presença do piano nas famílias de classe média alta, onde o estudo
desse instrumento passou a fazer parte de uma boa educação, principalmente para
as moças.
A
Independência, em 1822, e a necessidade de imprimir ao país uma feição jurídica
determinou a convocação, por parte do Imperador Pedro I, de uma constituinte em
1823. Nos debates sobre o perfil da nova nação, a educação ocupa lugar
importante.
Em 1835
é criada, em Niterói, a primeira Escola Normal. Seu currículo, inicialmente
muito simples,
é enriquecido com a inclusão denovas disciplinas, entre elas a
música.
Foi
fundado, em 1841, por Francisco Manuel da Silva (1795-1865) o Conservatório
Musical do Rio
de Janeiro, a primeira grande escola de música do Brasil, hoje
Escola de Música da UFRJ.
O
ensino de música no Imperial Conservatório de Música e no Instituto Nacional de
Música, estava voltado para a capacitação técnica de indivíduos a partir de uma
visão essencialista que privilegiava o “talento”, a vocação, o “dom”, atributos
indispensáveis para a prática e a formação do artista.
Quanto
ao ensino informal, seu universo era bem diversificado e heterogêneo, uma vez
que preparava pessoas para atuar nos espaços não formais, como nos salões e
salas da sociedade carioca da época. Atingindo pessoas de nível social
diferenciado, a educação informal colaborou para promover um intenso e agitado
movimento musical, expressão diferencial das últimas décadas do século XIX.
No
início do século XX ensino da música na Europa sofre mudanças. Influenciados pelo movimento escolanovista, em expansão na Europa, músicos e pedagogos como Edgar Willems (1890-1978), na Bélgica, Jacques Dalcroze(1865-1950), na França, Carl Orff (1895- 1982), na Alemanha, Maurice Martenot (1898-1980), na França, Zóltan Kódaly
(1882-1967), na Hungria, Violeta Gainza, na Argentina, desenvolvem propostas inovadoras para o ensino da música, como uma alternativa para a escolarização de crianças oriundas das classes sociais desfavorecidas (LOUREIRO).
O
projeto de modernização da sociedade brasileira, inaugurado com a Revolução de
30, tem na escola um de seus alicerces. A nova escola, capaz de formar o
cidadão brasileiro para a sociedade industrial em vias de implantação no país,
alicerçando-se nos princípios da Escola Nova, afirmava a importância da arte na
educação para o desenvolvimento da imaginação, intuição e inteligência da
criança e recomendava a livre expressão infantil.
No
mesmo período, João Gomes Júnior, introdutor da manossolfa no Brasil, realiza um importante
movimento em São Paulo, visando imprimir uma nova orientação ao ensino da
música nas escolas públicas em São Paulo, suas ideias são incorporadas pelo
governo brasileiro, que vê no canto um recurso importante na formação da
cidadania e na construção da nacionalidade.
Em
1922, a Semana de Arte Moderna denuncia a situação das artes no Brasil que,
influenciada pelo conservadorismo europeu, colocava em planos opostos a música
do presente e a música do passado. A proposta renovadora da Semana de Arte
Moderna trouxe novas maneiras de se entender o fazer artístico, propondo uma
redefinição do ensino de arte, contestando todo aquele que não considerasse a
expressão espontânea e verdadeira da criança.
Nesse
contexto surge a figura de Heitor Villa-Lobos, cuja música tem raízes na
tradição folclórica. Quando introduziu na música as funções descritiva,
folclórica e cívica, Villa-Lobos estaria, na verdade, fundamentando a prática
do Canto Orfeônico em todas as escolas públicas do país.
Com o
apoio do governo e a criação da Superintendência da Educação Musical e
Artística (SEMA),
a educação musical toma proporções jamais vistas no âmbito do espaço escolar.
Desejoso
de educar as massas urbanas através da música, o governo leva à frente o
projeto traçado por Villa-Lobos para o ensino do Canto Orfeônico nas escolas
primárias e normais, inspirado no modelo alemão, implementando-o, lentamente,
durante os anos 30.
O presidente
Vargas assinou o decreto nº 18.890, de 18 de abril de 1932, tornando o Canto
Orfeônico obrigatório nas escolas públicas do Rio de Janeiro,
passando a
ser, então, um dos principais veículos de divulgação do novo regime.
A
partir da Constituição de 1937, houve a integração do Instituto Nacional de
Música – que passa a denominar-se Escola Nacional de Música – à Universidade do
Brasil e a criação do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, através do
decreto-lei nº 4.993, de novembro de 1942, reforçando a importância da música e
da formação do seu professor.
Villa-Lobos
através da SEMA cria, nos
anos 30, os Cursos Rápidos, com duração de um mês.
Segundo
Fuks
(1991a, p. 30), “estes aconteciam nas férias, em quase
todas as capitais do país e reuniam, geralmente, professores egressos da escola
normal que, possuindo um mínimo de conhecimento musical, recebiam aulas de
música. Ao final do curso, (...) eram considerados aptos para dar aulas da
disciplina.”
Com a
saída de Villa-Lobos da direção da SEMA, em 1944, e com o fim do Estado Novo,
em 1945, diminui a prática do canto nas escolas e, consequentemente,
da
educação musical.
Até
Villa-Lobos, o ensino da música nas escolas tinha feição conservatorial por meio
da prática do Canto Orfeônico.
Pretendeu-se
por meio de sua metodologia musicalizar não só pela prática, mas também pela
teoria da música, atingindo toda a população estudantil.
Surgiu
uma
nova maneira de ensinar.
Buscava-se alcançar uma
nova forma de expressão que privilegiasse mais o processo, e menos o produto a
ser alcançado. Esse era o propósito no qual a Arte-Educação se baseava para
instituir uma nova proposta para o ensino de música.
Ao
mesmo tempo em que, de um lado, especialistas apresentavam posições opostas em
relação à educação musical, as escolas públicas, escolas de música e
conservatórios defendiam, cada qual à sua maneira, uma postura tradicional em
relação ao ensino da música nas escolas. Em outras palavras, enquanto as
escolas primárias e secundárias procuram manter a prática do Canto Orfeônico,
com seus hinos de exaltação cívico-nacionalista, os conservatórios e as escolas
de música, numa postura conservadora, alicerçavam-se nos padrões tradicionais
europeus ligados aos séculos XVIII e XIX.
Em 1948,
Augusto
Rodrigues
engajou-se em um
novo
projeto ao absorver e identificar-se com o conceito de criatividade que,
lentamente, vinha ocupando espaços desde o final do século XIX, nas diversas
esferas da sociedade, principalmente na Educação Musical.
O que
ocorria, na verdade, era que a Educação Musical naquela época, estava inserida
num contexto cultural no qual sobressaíam dois tipos de professores de música,
ou seja, em polos
distintos
encontravam-se os professores de música da escola pública e os professores de
Iniciação Musical.
Os
primeiros, formados pela metodologia orfeônica mostravam-se, naquele momento,
aliviados, pois a SEMA havia diminuído o controle sobre eles, embora sentissem
falta da assistência sistemática que recebiam dessa instituição. Apesar do
conservadorismo, os demais professores, emergentes do Centro de Estudos de
Iniciação Musical, criado por Liddy Chiaffarelli
Mignone, em 1952, no Conservatório Brasileiro de Música, mostravam-se em
sintonia com o pensamento inovador e questionador que despontava naquele
momento, ao mesmo tempo em que procuravam abandonar tudo que era considerado
velho.
REFERÊNCIAS
LOUREIRO,
Maria Alícia Almeida. O
ENSINO DA MÚSICA NA ESCOLA FUNDAMENTAL: UMA INCURSÃO HISTÓRICA. Disponivel
em Acesso em 02/01/2018.
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